"Como hei-de segurar a minha alma para que não toque na tua? Como hei-de elevá-la acima de ti, até outras coisas? Ah, como gostaria de levá-la até um sítio perdido na escuridão até um lugar estranho e silencioso que não se agita, quando o teu coração treme. Pois o que nos toca, a ti e a mim, isso nos une, como um arco de violino que de duas cordas solta uma só nota. A que instrumento estamos atados? E que violinista nos tem em suas mãos? Oh, doce canção..." (Rainer Maria Rilke)
Preciso da poesia para elevar a mente a outro lugar. Que ela venha agora e clareie a minha visão, para que eu expanda meu amor pela vida. Que toda a alegria de viver que está disponível aqui e agora me alcance.
Somos tão fragmentados; raramente conseguimos reconhecer os milagres manifestados no cotidiano. É por isso que eu preciso de poesia: para respirar ares mais puros e resgatar o olhar de simplicidade diante da vida.
Somos tão fragmentados; raramente conseguimos reconhecer os milagres manifestados no cotidiano. É por isso que eu preciso de poesia: para respirar ares mais puros e resgatar o olhar de simplicidade diante da vida.
Sou assim: elejo "o poeta" da vez e exploro aquelas sensações propostas por seus textos das mais diversas formas: tento mesmo viver a poesia. O Rilke é um dos poetas de que mais gosto. Há uma citação dele que também vem a calhar muito bem para este assunto de agora:
Nossos problemas raramente estão na realidade e, sim, em nosso olhar.
"Se o cotidiano lhe parece pobre, não o acuse: acuse-se a si próprio de não ser muito poeta para extrair as suas riquezas".
Nossos problemas raramente estão na realidade e, sim, em nosso olhar.
A obra mais conhecida de Rainer Maria Rilke é o livro “Cartas a um jovem poeta”, em que ele escreve uma série de dez cartas dirigidas ao jovem Frans Xaver Kappus. Nelas estão contidas desde apreciações e conselhos acerca do estilo literário de um poeta até descrições momentâneas de mistérios e contemplação.
“Desejaria pedir-lhe uma grande paciência para com tudo que ainda não estiver resolvido no seu coração. Esforce-se para amar as suas próprias dúvidas como se cada uma delas fosse um quarto fechado, um livro escrito em língua estrangeira. Não procure, por enquanto, respostas que não lhe podem ser dadas, porque ainda não saberia pô-las em prática, vivê-las. E trata-se, precisamente de viver tudo. De momento, viva apenas as suas interrogações. Talvez que, simplesmente vivendo-as acabe um dia por penetrar nas respostas”, comenta Rilke.
Gosto desse olhar poético sobre a vida e o uso como um antígeno contra a autoimposição de obrigações e responsabilidades. É suavidade para o perfeccionismo e me ajuda a deixar fluir os acontecimentos e situações mesmo diante de uma aparente estagnação, causada por dúvidas que são só minhas. O olhar poético serve para refrescar a minha memória de que nada se mantém inalterado e de que a estagnação é resultado de algo estagnado na mente, que é preciso liberar.
Mas, tudo ocorre em seu momento próprio. Quando me liberto dessa pressão de resultado, de solução, minhas ações podem fluir com mais naturalidade e, com elas, fluem também os acontecimentos da vida.

Vamos nos permitir viver em harmonia; abrindo-nos para reconhecer toda a poesia que já está manifestada no cotidiano, com sua perfeita imperfeição! Não há outro tempo para fazer isso, que não seja agora.
“O tempo não é uma medida. Um ano não conta, dez anos não representam nada. Ser artista não significa contar, é crescer como a árvore que não apressa a sua seiva e resiste, serena, aos grandes ventos da primavera, sem temer que o verão possa não vir. O verão há de vir. Mas só vem para aqueles que sabem esperar, tão sossegados como se tivessem na frente a eternidade”. Rainer Maria Rilke
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