Eis porque a tristeza também passa:
a novidade em nós, o acréscimo, entrou em nosso coração,
penetrou no seu mais íntimo recanto.
Nem está mais lá - já passou para o sangue.
Não sabemos o que houve.
Rainer Maria Rilke
Se antes eu
escrevia do vazio, agora veio o cheio que eu nunca desejei, mas sempre quis. O
motivo pelo qual eu ansiei, chegou, trazendo de brinde a transformação
inevitável. Com toda a dor e um pouco de sofrimento liberado no perdão e na paz
há muito acalentada. Meu coração é grande, é verdade. Cabe nele mais esse
deserto.
Nascerá, a
tempo, rara flor.
Eu praguejei a
estagnação. Ela passou. E não praguejo mais nada. Vou sentindo o buraco no meu
peito por onde entra amor e mais amor e expande a minha força de sempre superar
o medo do escuro. Mas a
verdadeira dor é a do apego. Apego ao que é passado e nunca passou em mim. Isso
a que me agarro, e que está morrendo bem agora.
Estou
vivenciando mais uma morte... Uma morte que foi acontecendo aos poucos... Muito lenta, mas entra, brusca, ao final. Tudo
foi decaindo e mais e mais. Minha mente exausta. Eu triste. Durmo. Escreverei
mais adiante sobre tudo o que vier. A dor arreganha o meu coração, que se abre
ainda mais.
Obrigada. Tudo
tão perfeito. Imperfeito.
Solta estarei
em breve, com novas exigências que me prendem, que me tomam... Quero sair e
viajar pelo mundo e não brigar em construir nada, pois tudo o vento leva. E o apego é o que mais dói. E a mudança muda, com dor ou sem. Minha mente deve
deixar ir. Melhor para todos.
A poesia existe
na vivência dessa dor, que quero filmar. Quero registrar esse momento sem
dispersar, sem querer evitar, pois de mim isso haverá de se tornar parte e
vitória. Das angústias vividas isso haverá de se tornar liberação.
Não quero sair
de casa. Quero poder viver esse luto, essa despedida. Quero ficar aqui mais um
pouco enquanto posso. Em meu ninho.
Zona de
conforto está sendo levada embora. O crescimento
aponta. E lá vou eu. A dor, sem
medo, é bem mais leve. Doa amiga dor, doa enquanto há razões para que doa. Doa
sem lamento, nem arrependimento, Doa, de saudade do que ainda está aqui, e se
despede. Adeus.
A Deus, Estou.
Entregue.
Que Ele cuide e
acolha a todos que agora precisam. Amém.
“Apenas uma
prece para o que está morrendo...”
Também os ventos e as sombras
ResponderExcluiramparam as dunas
na hora do poente,
contudo, anoitece sempre
no declinio das pálpebras...
Beijos...
AL