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VOCÊ SERÁ MEU? Como a Teologia do Corpo mudou a minha visão do Dia dos Namorados





Por Jen Settle

Você se lembra do Dia dos Namorados na escola, quando nós decorávamos uma caixinha de “Correio Elegante” para ficar sobre a nossa carteira? Poderia ser aquele o melhor dos dias, ou o pior. Talvez a nossa caixinha se encheria de balas e um pequeno cartão do nosso crush secreto seria ali colocado! Ou talvez aquele crush passaria reto naquela caixinha decorada (que secretamente simbolizava nosso coração vulnerável) ou AINDA pior – ele deixaria ali um cartão em que se lia “Feliz dia de São Valentim, amiga!”. Ah, a humanidade!

Como o amor pode nos levar às alturas do céu? E como a ausência de amor abre uma dor tão grande em nosso coração, que a gente pensa que nada poderá preenchê-lo? Talvez, apenas talvez, tudo isso nos esteja informando que nós fomos feitos para algo maior do que para o amor terreno...

Como a mais nova de nove irmãos, eu vi meus irmãos e irmãs crescerem, casarem-se e terem filhos. Eu cresci pensando “é assim que os adultos fazem.” Assim, em minha ventura pela faculdade, eu mantinha em mente o foco de encontrar “o cara certo”. Envolvi-me com muitos grupos e atividades no campus da minha faculdade católica, mas nunca o encontrei. Creia em mim, eu o procurei! Após a faculdade, enquanto trabalhava para a Igreja, eu continuei a procurar por “ele”, o homem que faria a minha vida completa. Não me orgulho em dizer que durante toda a faculdade e mesmo depois, eu costumava ir à Missa e olhar ao meu redor pensando comigo mesma, “Será ele?”. Eu olhava para cada homem que eu conhecia como “o cara” que potencialmente viria a satisfazer o anseio que eu trazia dentro de mim. Eu passei anos com esse anseio e comecei a me ressentir do desejo de me casar. De algum modo, eu comecei até mesmo a me ressentir por Deus ter me dado aquele desejo, pra começo de conversa. Minha fala pra Ele soava mais ou menos assim:

“Se o Senhor não irá satisfazer esse meu desejo, porque Tu o destes a mim? Eu prefereria não o ter.”


Foi no meio dessa minha luta com o Senhor, que eu ouvi, pela primeira vez, falar da Teologia do Corpo. Através da Teologia do Corpo, eu aprendi que o meu desejo de amar um marido e de ser mãe era não somente algo que Deus criou em mim, mas que tal desejo era também algo ao qual Ele tinha a intenção de satisfazer. Eu queria satisfazer o sentido do meu ser e da minha existência, mas ainda não estava certa de como fazê-lo como uma pessoa solteira. Quando eu rezava, perguntava ao Senhor estas duas coisas:

“Como posso expressar amor e ser um dom, sendo solteira?” O que o Senhor me ajudou a entender foi que eu expresso amor na minha família, nas amizades, no trabalho... Toda vez em que estou presente para aqueles que estão ao meu redor, para ouvir, aconselhar, compartilhar suas alegrias e tristezas, quando os sirvo e rezo por eles, eu estou expressando amor e sendo para eles um dom.

“É possível ter plenitude sendo solteira?” Sim! Mesmo que eu intensamente sentisse o oposto, eu não estava vivendo a minha vida de forma parcial, ao ser solteira. Todas as vezes em que eu me dava, com amor, eu realizava aquilo para o qual eu tinha sido criada – para amar e produzir vida por meio desse amor. Eu fui criada para o amor, pelo amor, para amar – independentemente de ser solteira, celibatária ou casada.


Muito gentilmente, o Senhor também me mostrava como eu havia criado ídolos sobre o que seria o casamento e os filhos. Ele me mostrava como eu estava ávida por um marido. Eu esperava que os homens satisfizessem a ânsia do meu coração, mas eu não conseguia enxergar muito bem tal homem, que havia sido criado por Deus com o coração especialmente inclinado para tal vocação. Eu estava muito ocupada pensando se ele seria ou não o homem certo para ser o meu marido.  E, com isso, não me ocupei com a parte em que eu participaria na vida desses homens, pois eu os via apenas como um meio para me sentir completa. E eles também pularam a parte em que me veriam como uma irmã e amiga! O meu desejo de amar outra pessoa era genuino, mas eu tinha colocado o amor humano acima do amor divino para o qual eu havia sido criada... para o qual TODOS fomos criados.  

O amor ao qual todos somos chamados a experienciar é a comunhão com Cristo. Todos somos chamados a testemunhar a verdade e a beleza do amor de Deus por nós – em nossas famílias, junto de nossos amigos, em nosso trabalho. Somos todos chamados a ser um dom.





Quando fazemos isso, em nossas comunidades, nossas paróquias, nosso trabalho, nossas famílias e em nosso mundo, estamos realizando o sentido de nossa existência.  O anseio sempre estará lá, mas há a GRAÇA, pois ela nos lembra de que a nossa plena satisfação será unicamente encontrada no céu, quando estaremos em completa comunhão com Deus. Que nós possamos dar apoio, encorajar, amar e rezar uns pelos outros, enquanto nos aproximamos – independente de qual seja o nosso estado de vida  - do amor de Cristo – um amor que continuamente nos pergunta: “Você será meu (minha)?”.

 Tradução: Paula Beckher – www.paulabeckher.blogspot.com / www.facebook.com/paulabeckher
JEN SETTLE entrou para o Instituto de Teologia do Corpo em 2008, e se tornou Diretora de Programas de Intercâmbio, Certificação e Programas de Enriquecimento Clerical em 2011. Ela tem experiência em ministério e educação, e trabalho em educação religiosa e formação da fé do adulto por 15 anos no estado americano de Iowa. (www.tobinstitue.org)

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