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Ritmo


Por Paula Beckher e Carla Oliveira


(Exposição “O Pulso da Vontade”, Sesc Vila Mariana, São Paulo, 2012)

Ritmo. Excelente tema para os nossos dias tão acelerados. Ritmo é o compasso que controla nosso movimento na vida e na interação com os outros. O movimento promove o equilíbrio do mundo, pois impulsiona a evolução, dá asas à imaginação, move o pensamento e concretiza ações. Às vezes é preciso acelerar e às vezes é preciso pausar. Saber a hora de acelerar e pausar é uma excelente prática que nos permite uma vida mais tranquila e saudável.

O ritmo é dado de acordo com o pulsar das nossas emoções e desejos. Mas, é preciso levar em conta que não vivemos isolados no mundo. Nossa existência faz parte de uma grande orquestra, em que cada movimento deve ser sincronizado com o meio. Quando esta sincronia não existe, o sofrimento e a angustia imperam. A vida não é uma estrada isolada com um punhado de acontecimentos desconexos. Tudo acontece harmonicamente e tem uma razão de ser. A vida é uma onda que nos arrasta, querendo ou não. Ir contra o seu curso, o seu ritmo natural, é sofrer. Deixar-se levar por ele é viver plenamente aceitando o que é oferecido a cada instante.


(Exposição “O Pulso da Vontade”, Sesc Vila Mariana, São Paulo, 2012)


Há quem traduza ritmo como tempo, ou como não ter tempo. Muita gente que eu conheço tem um ritmo constante de não ter tempo para nada que motive e faça feliz. O meu ritmo é meu: tem hora que é acelerado, tem hora que é devagar quase parando. Mas não me cutuque, por favor, não me apresse. Faço tudo quanto faço respeitando um ritmo que vem de mim para mim. E a pergunta que não quer calar é: “O que você aprende ao conviver com o ritmo do outro?”

Eu aprendo a fazer malabarismos com o tempo. Aprendo a ter paciência. Aprendo a ceder. Aprendo a parar de ficar assim tão dentro da minha mente. Aprendo a agir com desapego. Aprendo a beleza do bom humor. Aprendo a deixar tudo ser o que é, despreocupando conscientemente. Aprendo a amar.

Ritmo é tudo o que precisamos aprender a coordenar na relação com os outros. Há um número significativo de pessoas trocando de rotina, priorizando a qualidade de vida e saindo da engrenagem louca da correria. Gente investindo em seu próprio tempo, resolvendo respeitar o ritmo de ser feliz. Gosto disso. Sou adepta da máxima Time is Art (Tempo é Arte) como uma alternativa sustentável para o Time is Money (Tempo é Dinheiro) imposto pela ideologia dominante da atualidade. 

Cá entre nós, colega sistema capitalista: “apesar de você amanhã há de ser outro dia”! Há gentes suficientes percebendo que a rotina proposta por você furou, pois o ritmo de vida a que nos confina é morte. E não vem que não tem! E quanto a si, caro leitor (a), qual é o seu ritmo? Conte-nos! Filosofemos: há de se ter tempo para ser o que se é, né? Deixe seu comentário com seu depoimento aqui e em:  www.facebook.com/tavernafilosofica . E até breve! :)
                                                          
Acesse o blog da Carla em: estrambolicarte.blogspot.com.br.                                                                                   

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