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Mostrando postagens de 2014

Sacrifício, o real significado do matrimônio

O motivo de muitos casamentos não "funcionarem", por assim dizer, reside na esperança que os esposos não poucas vezes depositam no lugar errado.  Muitas pessoas têm se unido com a finalidade de satisfazer a si mesmas . Assim, quando surgem as primeiras dificuldades, os primeiros desarranjos, o casal entra em crise e quer se separar. Trata-se, sem dúvida, de um problema de fé. A pessoa crê firmemente que se casou para "ser feliz". Assim, se o seu cônjuge não passa de um obstáculo no caminho rumo a esta "felicidade egoísta", nada resta senão descartar de modo definitivo esta pessoa – como se descarta um objeto mesmo. Neste conflito, sequer os filhos constituem um empecilho para que os pais se divorciem. Afinal, se o que importa é a felicidade deles, o importante são eles, nada mais. Não é que os pais que se divorciam não se preocupem com seus filhos. É que eles estão muito preocupados consigo mesmos para pensar em outra coisa que não seja... eles mesm...

A indissolubilidade do matrimônio - reflexo do amor total de Cristo

Parece comum, em nossa época, uma tendência a separar o amor da verdade, como se aquele fosse "um sentimento que vai e vem", e não uma realidade concreta, destinada a "superar o instante efêmero e permanecer firme para sustentar um caminho comum" (cf. Lumen Fidei, n. 27). As obras literárias, os filmes, novelas e seriados produzidos em larga escala e distribuídos ao grande público ajudam a promover esta "cultura do provisório" : exaltam-se personagens do tipo "solteironas", "muito ocupadas em não fazer nada" (2 Ts 3, 11); modelam-se jovens sem perspectiva, dados a "aproveitar" a vida ao máximo, e adultos frustrados, cujo script se resume ou a um casamento infeliz ou a uma vida de traição e mentira. O cenário, assistido e copiado por muitos, parece indicar a impossibilidade de um relacionamento por toda a vida, de uma entrega definitiva, que nos comprometa totalmente e envolva toda a nossa existência. O Catecismo da Igreja...

Terapia das Doenças Espirituais

por padrepauloricardo.org Antes de explorar o mundo dos pecados capitais, porém, é importante compreender a antropologia de Santo Tomás de Aquino. Ele explica, por exemplo, que a alma humana “está (…) na fronteira das criaturas espirituais e corporais, por isso, nela se reúnem as potências tanto de umas e outras criaturas” [2]. Essas potências, que se dividem em cognoscitivas e apetitivas, estão ligadas, respectivamente, ao conhecer e ao desejar. No que diz respeito ao composto corpo e alma, isto é, às faculdades que o homem tem em comum com os demais animais, as potências cognoscitivas são os sentidos internos e externos; e as apetitivas, o concupiscível, ligado ao sustento do corpo, e o irascível, “cujo objeto é ‘aquilo que é árduo’” [3]. No que diz respeito simplesmente à alma, isto é, às faculdades que o homem tem em comum com os seres angélicos, a potência relacionada ao conhecer, chamada de intelectiva, é a inteligência; a apetitiva, por sua vez, é a vontade. Os pecados ca...

A Prudência

www.padrepauloricardo.com O mundo atual padece de uma grave epidemia: a falta de rumo. As pessoas, em geral, não têm ideia de qual é a sua finalidade última. A falta de direção atinge não somente as pessoas, mas a própria Igreja como um todo e isso tem uma causa muito clara: a imanentização do fim último do ser humano. Parece ser algo muito difícil de se compreender, mas não é. Primeiro é preciso recordar que a finalidade da vida humana está na vida eterna, da mesma forma que a finalidade da história está na meta-história, a finalidade do mundo está fora dele e assim por diante [01]. Todavia, por causa da acusação marxista de que falar de vida eterna, de céu, inferno etc., é alienante, atualmente ninguém mais fala sobre esses temas, temendo justamente ser tachado de “alienado”. A imanentização, portanto, é centrar-se no hoje, naquilo que pode ser experimentado. É o agora. Ocorre que deixar de falar da finalidade última do homem destrói a vida espiritual como um todo e até me...

As provações

www.padrepauloricardo.org As dificuldades e os sofrimentos da vida são, em geral, os motivos que levam as pessoas a procurarem uma direção espiritual. Ao sacerdote cabe iluminar com a luz do Evangelho essas situações tão delicadas, procurando dar  um sentido para elas . O famoso terapeuta Viktor Frankl, fundador da Logoterapia, afirmava que o sentido das coisas era fundamental para que se alcance o equilíbrio psíquico e, para isso, citava o filósofo ateu Friedrich Nietzsche que dizia que “o ser humano é capaz de suportar qualquer  como , desde que tenha um porquê ”. Sendo assim, é preciso antes de mais nada, entender o significa a provação. Em grego, πειρασμός ( peirasmos ), é traduzida de duas maneiras:  tentação  e  provação . Ambas possuem o mesmo conteúdo semântico, mas, ao longo do tempo, houve uma diferenciação técnica entre elas. A tentação é usada quando o sujeito é o Diabo, e provação quando o sujeito é Deus. Houve uma mudança de finalidade, ...

Terapia da gastrimargia

Por padrepauloricardo.org Para manter a boa forma física, as pessoas estão sempre à procura de novas soluções: nos últimos anos, além de inventar dietas e experimentar tipos diferentes de comida, muitas delas têm recorrido às cirurgias de redução do estômago. Essas operações, que em si não são imorais, no entanto, não podem solucionar o problema da gula. A terapia da gastrimargia tem mais a ver com uma atitude espiritual em relação aos alimentos que com a espécie e a quantidade de comida que ingerimos. De fato, de nada adianta mudar o estômago se não se muda a alma. Santo Tomás de Aquino, ao responder se a abstinência é uma virtude, esclarece que “a moderação no comer, na quantidade como na qualidade, cabe à medicina, no caso da saúde física, mas vista nas suas disposições interiores, em relação ao bem racional, ela pertence à abstinência” [1]. Santo Agostinho, por sua vez, ensina que “não importa, absolutamente, o que ou quanto de alimento alguém toma, se procede de acordo com...

O Fascismo e o Marxismo Cultural

www.padrepauloricardo.org Marx já havia identificado uma problemática cultural na alienação do proletariado, ao dizer que a religião é o ópio do povo. Isso foi analisado de forma mais sistemática por Antonio Gramsci, que vivenciou toda a crise teórica do comunismo após a I Guerra. Esta crise do marxismo gerou 2 filhos: o fascismo e o marxismo cultural , cada um deles com uma proposta bastante clara para chegar aos seus objetivos de dominação. O fascismo, que também é um filho bastardo do comunismo , foi o caminho encontrado por Mussolini e Hitler para implantar a revolução em suas nações.  Ambos queriam a mesma coisa que Lênin e Stálin, ou seja, uma sociedade sem mercado livre, “justa”, com “igualdade” e um estado forte, obtido através de uma ditadura totalitária.  Achavam que a ideologia de classe não era um chamariz atraente o suficiente para fomentar a revolução marxista. Hitler e Mussolini perceberam, na I Guerra, um sentimento patriótico que levou o povo a lutar,...

Teologia da Libertação e Marxismo Cultural

www.padrepauloricardo.org Visão Hostórica Em 1989, houve um acontecimento que mudou a história recente da humanidade: a queda do muro de Berlim. O que aconteceu, na prática, foi o suposto desaparecimento do comunismo real diante daquilo que parecia uma vitória do capitalismo ou uma vitória de dois homens específicos: o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, anticomunista ferrenho, e o papa João Paulo II, vítima do comunismo na Polônia. Dois anos antes da queda do muro de Berlim, em 1987, Ronald Reagan, diante do portão de Brandemburgo, em Berlim, falando a respeito do secretário geral do partido comunista Mikhail Gorbachev, pediu aquilo que todos os homens de boa vontade do Ocidente desejavam: "Mr. Gorbachev, open this gate. Mr. Gorbachev, tear down this wall!"  [1] . Então, em 1989, diante da queda do muro, o capitalismo, os valores do ocidente e o Papa João Paulo II pareciam ter triunfado. Porém, na ocasião da viagem de João Paulo II a Cuba, um jornalista perguntou a Fide...

A linguagem da fecundidade

www.padrepauloricardo.org O sexto e último ciclo de catequeses do Papa João Paulo II a respeito da Teologia do Corpo consiste na reflexão sobre a fecundidade do matrimônio. A Encíclica  Humanae Vitae  sobre a regulação da natalidade, escrita pelo Papa Paulo VI e publicada em 1968, não foi bem acolhida, mesmo sendo um precioso dom de Deus. A mentalidade do mundo naquela época estava voltada para a contracepção, pois havia em andamento uma revolução sexual. A partir daquela revolução foram confrontadas duas visões da sexualidade: uma concebida pelo Criador e pelo direito natural, e outra que surge de uma invenção humana. O Papa Paulo VI insistiu sobremaneira na união entre o caráter procriativo e o unitivo do ato sexual. Para ele, a abertura para a fecundidade é o que permite que a união entre o casal aconteça realmente, pois não há um rompimento com verdade do ato conjugal. Na aula anterior, vimos que o corpo possui uma linguagem e a do ato é justamente a de querer ent...